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terça-feira, 16 de março de 2010


UM ESTUDO DO LIVRO DE EFÉSIOS



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By Wagner lize



INFORMAÇÕES PARA ESTUDANTES E TEÓLOGOS



Introdução ao Livro de Efésios



Na sua segunda viagem missionária, Paulo passou por Éfeso (Atos 18:18-21). Ficou pouco tempo, mas deixou Áqüila e Priscila, seus companheiros desde o tempo que ele havia ficado em Corinto (Atos 18:1-3). Paulo saiu de Éfeso com a intençao de voltar. Terminou a segunda viagem em Antioquia, donde partiu na terceira (Atos 18:22-23).



Antes de Paulo chegar de volta a Éfeso, um outro pregador passou pela cidade. Apolo foi um pregador capaz e eloqüente, mas chegou em Éfeso com entendimento incompleto da obra do Senhor. Ele entendeu o plano de Deus até o batismo de João, mas evidentemente não conheceu o comprimento do plano de Deus. João e seu batismo olhavam para frente, ainda esperando a morte e a ressurreição de Cristo. Áqüila e Priscila ensinaram este evangelista zeloso e ele continuou pregando ousadamente em outros lugares, principalmente na Acaia (província que incluia a cidade de Corinto). O relato desta história se encontra em Atos 18:24-28.



Quando Paulo chegou a Éfeso, ele encontrou um grupo de discípulos que nada sabiam da vinda do Espírito Santo (Atos 19:1-2). Pelo contexto, deduzimos que estes discípulos ouviram e aceitaram a mensagem pregada por Apolo antes de aprender melhor de Áqüila e Priscila. Paulo esclareceu o assunto, mostrando que Jesus já morreu, ressuscitou, voltou aos céus e enviou o Espírito Santo. Entendendo melhor, estes doze homens "foram batizados em o nome do Senhor Jesus" (Atos 19:3-5). Depois do batismo, Paulo impôs as mãos e eles receberam dons de línguas e profecia do Espírito Santo (Atos 19:6-7).



Paulo continuou em Éfeso por três anos (Atos 20:31), ensinando na sinagoga e na escola de Tirano, realizando milagres extraordinários, e conduzindo muitas pessoas a Cristo. O trabalho de Paulo e outros discípulos em Éfeso provocou um grande tumulto por parte dos seguidores da "deusa" Diana (Atos 19). Paulo prosseguiu para a Macedônia e a Grécia. Na volta, passou perto de Éfeso. De Mileto, ele chamou os presbíteros da igreja de Éfeso e conversou com eles, avisando sobre o perigo de lobos vorazes entrarem no meio deles (Atos 20).



Paulo continuou a sua viagem até Jerusalém, onde foi preso (Atos 21-23). Foi transferido para Cesaréia onde foi detido por dois anos ou mais (Atos 23-26) e, depois, foi levado a Roma (Atos 27-28). Lucas encerra a história do livro de Atos com Paulo ainda em Roma dois anos depois da chegada àquela cidade. Durante estes anos de prisão, ele escreveu o livro de Efésios (veja 3:1; 4:1; 6:20).



O Livro de Efésios



Há grandes similaridades entre Efésios e Colossenses. Um estudo paralelo dos dois livros mostra muitos pontos iguais e estruturas paralelas. Mas, os livros não são iguais. Colossenses frisa a primazia de Cristo. Efésios, também, fala de sua primazia, mas destaca mais o papel da igreja no plano eterno de Deus.



Existe um debate sobre os destinatários da carta. Alguns manuscritos omitem as palavras "em Éfeso" em 1:1. Nós não entraremos nesta discussão aqui, porque não muda o sentido do livro para nós. Se Paulo enviou esta carta exclusivamente aos efésios ou a vários irmãos em diversos lugares, a mensagem para os dias de hoje é a mesma.



Entre os assuntos tratados neste livro:



As bênçãos espirituais em Cristo



A primazia de Jesus Cristo



A salvação pela graça mediante a fé



A paz em Cristo



O plano eterno de Deus para a igreja



Os dons concedidos à igreja para promover a edificação dela



A importância da santificação



A conduta cristã em várias relações: marido/mulher, pais/filhos, servos/senhores



A armadura de Deus para enfrentar os inimigos espirituais



Leia mais:



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Efésios 1



1:1-2



Paulo se descreve como apóstolo (enviado) de Jesus pela vontade de Deus.



**Obs.: Nesta carta, Paulo pretende mostrar como Deus preparou a salvação desde a eternidade. O plano perfeito dele, o mistério revelado, envolve as próprias pessoas divinas e, também, depende dos homens escolhidos para divulgar a mensagem (veja 3:1-7).



Ele descreve os seus destinatários como santos (separados ou santificados) e fiéis (leais ao Senhor).



**Obs.: A palavra "santo" é usada na Bíblia para identificar cristãos vivos. A pessoa se torna "santa" quando é separada do mundo na salvação (1 Coríntios 6:11).



Graça e paz são as saudações costumárias nas cartas de Paulo.



1:3-14



Deus tem nos abençoado em Cristo. Este trecho apresenta diversos fatos importantes sobre o plano eterno de Deus para nossa salvação. Entre eles:



(1) Recebemos bênçãos espirituais (3).



(2) Entramos em regiões celestiais (3). Mesmo enquanto estamos na Terra, Deus habita em nós e nós nele (João 14:17,23; 1 Coríntios 6:19; Gálatas 3:27).



(3) As bênçãos estão em Cristo (3). Não há outro caminho que leve à salvação (Atos 4:12).



(4) O plano para nossa salvação é eterno (4). Ele nos escolheu (4) e nos predestinou segundo o bom propósito de sua vontade (5,11). O texto aqui não sugere nada de predestinação arbitrária segundo o capricho de Deus. A idéia é que tudo que Deus tem feito desde a eternidade tinha o propósito de nos salvar.



(5) Ele quer pessoas santas e irrepreensíveis (4).



(6) Recebemos a adoção de filhos (5). Que privilégio de entrar na família de Deus como filhos dele! Os cristãos são primogênitos de Deus (Hebreus 12:23) e irmãos de Jesus (Hebreus 2:11-13).



(7) Deus nos concedeu sua gloriosa graça no seu amado Filho (6). A história da salvação é uma história de graça e amor.



(8) Temos a redenção/remissão dos pecados pelo sangue de Cristo (7). "...sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hebreus 9:22).



(9) Deus derramou sobre nós abundantemente sua rica graça pela revelação de sua vontade (7-9). Pela revelação do mistério eterno, Deus nos oferece a salvação que ele preparou desde a eternidade.



(10) Todos os aspectos do plano dele se convergiram em Cristo no tempo determinado por Deus (10).



(11) Em Cristo, fomos feitos herança (11). Não somente recebemos a herança como primogênitos, mas também nos tornamos a herança de Deus para a glória dele (12). Ele nos recebe!



(12) A mesma salvação que Deus ofereceu aos judeus foi também concedida aos gentios (13). Eles foram selados com o mesmo Espírito da promessa. Judeus e gentios recebem a salvação da mesma fonte e pertencem ao mesmo Espírito.



(13) O Espírito é o penhor (garantia, sinal, entrada) da nossa herança (14). As afirmações do Espírito sobre a nossa salvação nos consolam enquanto aguardamos a vinda de Cristo e a glória eterna. (Veja 2 Coríntios 1:22; 5:5; Romanos 8:16-17).



1:15-23



Neste parágrafo, Paulo relata o teor das suas orações em favor dos irmãos.



(1) Ele sempre agradecia por eles por causa da fé e amor que demonstravam (15-16).



(2) Ele pedia que eles recebessem sabedoria, conhecimento e iluminação para apreciar a grandeza das bênçãos espirituais concedidas por Deus (17-19).



(3) Ele confiava no poder daquele que ressuscitou e exaltou Jesus Cristo (20-21).



**Obs.: O poder da oração. Muitas pessoas confiam na oração, mas não entendem o poder dela. O poder não está na oração em si, nem na pessoa que a faz. O poder permanece naquele que ouve e responde às orações (Efésios 3:20).



Jesus é o cabeça sobre todas as coisas (22-23). A igreja é o corpo dele, e ele o cabeça dela (veja Colossenses 1:18)



Jesus tem a primazia sobre todos os poderes de todas as épocas (21-22).



Aqui percebemos a perfeição, a plenitude, do plano de Deus. Cristo é o cabeça e a igreja é o corpo, mostrando para o mundo a beleza do plano eterno de Deus para a salvação do homem (23).



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Efésios 2



2:1-3



Vos, vós, vossos (1). Paulo já começou a falar sobre os gentios no capítulo 1 ("...em quem também vós..." - 1:13), e agora fala especificamente do pecado e da salvação deles pela graça de Deus.



**Obs.: "Ele vos deu vida" (1, ARA2): estas palavras não se encontram no texto original do versículo 1. São do versículo 5 e foram colocadas aqui pelos tradutores. Paulo não começou o seu argumento com a salvação, e sim com o problema do pecado: "Estando vós mortos...". Precisamos reconhecer o problema do pecado para apreciar a importância e o valor da salvação.



Estávamos mortos no pecado (1). É possível estar fisicamente vivo e espiritualmente morto (o caso do pecador). Também, é possível estar fisicamente morto e espiritualmente vivo (veja Mateus 22:32; Apocalipse 6:9-11).



O mundo jaz no pecado, segundo o espírito da desobediência. Nós cristãos, antes de nos convertermos ao Senhor, andávamos no pecado (2-3).



**Obs.: A vontade da carne e dos pensamentos (3) mostra que os maus desejos dos homens vêm tanto da carne (lascívia, etc. - veja Gálatas 5:19-21) como dos pensamentos (incluindo orgulho, filosofia, etc. - veja 2 Coríntios 10:4-5; Colossenses 2:4,8).



2:4-10



"Mas Deus" (4). A resposta ao problema do pecado é único: Deus! A riqueza da sua misericórdia e do seu amor ultrapassa a pobreza e a podridão do nosso pecado.



Ele nos deu vida (5-6). A salvação não vem de nós, porque estávamos mortos! Não nos ressuscitamos; ele nos ressuscitou!



Ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo (6; veja 1:3).



**Obs.: Note o paralelo entre Jesus e nós. Jesus morreu, ressuscitou, e subiu aos lugares celestiais onde permanece com o Pai. Nós morremos, fomos ressuscitados pelo Senhor, e ele nos transportou aos lugares celestiais onde permanecemos com Deus.



A intenção de Deus é mostrar a sua graça às futuras gerações (7).



A salvação é pela graça, não por obras de mérito (8-10). Estes versículos contêm, na minha opinião, o mais completo resumo do plano da salvação encontrado na Bíblia. Devemos entender bem a grande afirmação de Paulo aqui.



(1) A graça inclui tudo que Deus faz para nossa salvação: a vida e a morte de Cristo, a sua ressurreição, a revelação do evangelho, o amor de Deus, o sangue de Jesus, a pregação da palavra, etc. A graça é tudo que Deus tem feito desde a eternidade para efetuar a nossa salvação. Não temos direito de negar nenhuma parte da obra de Deus.



(2) A fé inclui tudo que o homem faz para a salvação: ouvir e aceitar a palavra de Cristo, arrepender-se dos pecados, confessar a fé, ser batizado para remissão dos pecados, perseverar firme no Senhor. Não temos direito de negar nenhuma coisa que Deus nos pede, pois mostramos a fé pela obediência a ele.



(3) Não de obras. Ele exclui aqui qualquer tipo de obra de mérito. Ninguém jamais será capaz de se salvar. Dependemos da graça de Deus.



(4) Criado para obras. Embora não nos salvemos por obras de mérito (9), devemos praticar as boas obras designadas por Deus (10). A fé do discípulo de Cristo é uma fé operante (Tiago 2:14-26).



**Obs.: Andar no que? Este trecho apresenta a opção que cada pessoa encara: andar segundo as inclinações da carne no pecado (1-3) ou andar segundo a vontade de Deus nas boas obras que ele preparou (10).



2:11-22



Este trecho apresenta dois aspectos importantes do ministério da reconciliação de Jesus:



(1) Reconciliação entre judeus e gentios.



(2) Reconciliação entre homens e Deus.



O estado anterior dos gentios (11-12). Os gentios andavam sem Cristo, sem comunhão com o povo de Israel, sem as alianças da promessa, sem esperança e sem Deus.



O estado dos gentios em Jesus (13). Foram aproximados pelo sangue de Cristo.



A reconciliação em Jesus (14-16). Jesus é a nossa paz (o "Príncipe da Paz" - veja Isaías 9:6). Ele derrubou a parede de separação (inimizade) entre judeus e gentios, abolindo a lei que separava os povos. Assim, todos têm acesso ao Pai por meio de Jesus.



**Obs.: A linguagem de Paulo aqui é forte e inegável. Uma vez que Jesus cumpriu a lei (Mateus 5:17-18), ele a aboliu e deu uma nova aliança que inclui judeus e gentios (veja Gálatas 3:14-26; Hebreus 8:7-13; 10:1,9-10; Colossenses 2:13-14; Romanos 7:6).



**Obs. Paulo fez distinção para mostrar que não há distinção! O uso de "nós" e "vós" faz uma distinção entre judeus e gentios. Mas o propósito dele é de mostrar que não há distinção em Cristo. Tanto judeu como gentio recebem a salvação pelo sangue de Jesus.



**Obs.: Na cruz, Jesus destruiu a inimizade. Que ironia que o instrumento de inimizade empregado pelo inimigo fosse usado por Jesus para trazer paz e reconciliação.



2:17-22



A obra de Jesus seria incompleta se a mensagem não fosse divulgada. A mensagem da paz foi comunicada a outros, dando acesso ao Pai no Espírito (17-18).



Os que eram estrangeiros e peregrinos (veja o versículo 12) agora são concidadãos e membros da família de Deus (19).



A família de Deus (a igreja) é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas. Jesus é a pedra angular (20, veja 1 Pedro 2:4-10).



Cada parte do edifício precisa crescer para glorificar o Senhor, quem habita em nós (21-22).



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Efésios 3:1-13







3:1-7



Paulo destaca a sua posição como prisioneiro de Cristo (1). Note:



(1) Ele se considerou prisioneiro de Cristo. Ele entendeu muito bem que o sofrimento de prisão veio por causa do compromisso que ele assumiu com Deus (veja Atos 9:15-16; 21:10-14; 23:11)



(2) Ele se tornou prisioneiro por amor dos gentios. A prisão literal de Paulo teve como motivo a acusação falsa de que ele tivesse levado Trófimo, um efésio, ao templo (Atos 21:28-29). Mas, o maior laço de obrigação na vida de Paulo foi o seu próprio compromisso com Cristo, que incluia a sua missão de levar a palavra aos gentios. Nisso, ele se sentiu devedor, por ter recebido gratuitamente a própria salvação (veja Romanos 1:14-16).



Deus dispensou a graça, confiando em Paulo para levar a mensagem salvadora aos gentios (2).



Paulo compreendeu o mistério do evangelho porque Deus lhe deu discernimento dos fatos anteriormente ocultos dos homens (3-5).



Esta revelação não foi dada exclusivamente a Paulo. O Espírito a revelou aos apóstolos e profetas que, por sua vez, repassaram seu conhecimento aos outros (5-6).



**Obs.: Apóstolos e Profetas. O livro de Efésios esclarece o papel dos apóstolos e profetas no início da era cristã. Os apóstolos foram escolhidos por Cristo, receberam a palavra por meio do Espírito Santo e foram encarregados de levar o evangelho ao mundo. Os profetas foram pessoas que recebiam revelações da palavra pelo Espírito Santo, muitas vezes servindo para edificar irmãos em vários lugares. Eram cargos temporários mas essenciais nos primeiros anos da igreja quando ainda não tinham a palavra completa em forma escrita. Na carta aos efésios, Paulo fala dos apóstolos e profetas três vezes (e usa a palavra apóstolo mais uma vez na saudação - 1:1). Em 2:19-20, ele diz que a família de Deus é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Jesus a pedra angular. Em 3:5-6, ele diz que o mistério do evangelho foi revelado aos apóstolos e profetas para que os gentios pudessem participar da promessa em Jesus. Em 4:11-12, diz que Jesus concedeu apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres à igreja para sua edificação e aperfeiçoamento. Em todos estes casos, podemos ver os mesmos fatos básicos. Jesus passou a sua palavra aos apóstolos e profetas para dar a base necessária para a igreja. Sabemos que os apóstolos (testemunhas oculares de Jesus ressuscitado - Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8) morreram há muito tempo e que o dom de profecia ia desaparecer quando a mensagem completa fosse revelada (1 Coríntios 13:8-13; veja também Marcos 16:20; Hebreus 2:3-4). Mas ainda temos todo o benefício do trabalho deles, a palavra escrita para estabelecer a fé (João 20:30-31) e nos conduzira "à vida e à piedade" (2 Pedro 1:3). A revelação de Cristo "uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 3). Ninguém hoje tem direito de revelar outra mensagem (Gálatas 1:8-9), nem de ultrapassar aquela já revelada no primeiro século (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).



Paulo foi feito ministro conforme a graça concedida pelo poder de Deus (7).



**Obs.: Não há nada aqui de glória para Paulo! Ele se descreve como ministro (grego, diakonos - servo). Esta não é palavra de exaltação ou de autoridade, mas de serviço. Ele fala da graça concedida. Já disse que foi-lhe dado o privilégio de servir como prisioneiro. Em outras passagens, Paulo fala de graça concedida em termos de sacrifício, sofrimento e perseguições (veja 2 Coríntios 8:1-7; Filipenses 1:29). Ele participou abundantemente de tal graça!



3:8-13



Paulo se sentiu privilegiado por poder pregar o evangelho aos gentios (8-9).



**Obs.: As insondáveis riquezas de Cristo (8). A palavra grega traduzida "insondáveis" aqui aparece apenas uma outra vez no Novo Testamento. Em Romanos 11:33, Paulo fala sobre os "insondáveis" juízos de Deus. Em Efésios, ele falou sobre "toda sorte de bênção espiritual" em Cristo (1:3) e a "suprema riqueza da sua graça" (2:7; 1:7). Comentou sobre "a riqueza da glória da sua herança nos santos" (1:18). Ainda falará sobre "o amor de Cristo, que excede todo entendimento" (3:19). As riquezas de Cristo realmente ultrapassam a compreensão do homem. Paulo foi abençoado em poder falar dessas riquezas. Nós também!



A sabedoria de Deus se torna evidente pela igreja (10). Note:



(1) Quem conhece a sabedoria de Deus: principados e potestades (seres/autoridades espirituais).



(2) Como é conhecida esta sabedoria: por meio da igreja. Observando como Deus uniu velhos inimigos no mesmo corpo demonstra para todos a sua sabedoria (veja João 17:20-23).



(3) O que é conhecida: a sabedoria de Deus. A igreja do Senhor não mostra a sabedoria humana, e sim a divina.



De novo, Paulo afirma que tudo que Deus tem feito segue um plano eterno realizado em Jesus Cristo (11).



Em Cristo, temos ousadia para aproximar do Pai (12).



**Obs.: Acesso ao Pai. A palavra "acesso" aparece apenas três vezes no Novo Testamento, duas delas em Efésios (2:18 e 3:12) e a outra em Romanos 5:2. Em todos os casos, o acesso é por meio de Jesus Cristo. Ele é o único caminho que nos leva ao Pai e a sua graça.



Com esta confiança em Cristo, Paulo incentivou os efésios a não desistir (13). As tribulações dele poderiam ser motivo de desânimo e falta de coragem. Poderiam ser consumidos pela tristeza em ver o amado apóstolo sofrendo (veja Atos 20:36-38). Poderiam desmaiar com medo de tribulações iguais às dele (Hebreus 10:32-39). Tribulações, porém, não devem ser motivo para abandonar a fé. Ao contrário, devem fortalecer a nossa fé (Tiago 1:2-4).



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Efésios 3:14-21



3:14-19



"Por esta causa" (14): Pensando ainda na sua preocupação com o bem-estar dos efésios (13), Paulo ora ao Pai.



**Obs.: Aqui, Paulo diz que orou ajoelhado. Várias vezes no Novo Testamento, encontramos pessoas orando de joelhos: Jesus (Lucas 22:41); pessoas pedindo curas (Mateus 17:14-15; Marcos 1:40); Estêvão (Atos 7:60); Pedro (Atos 9:40); Paulo e outros irmãos (Atos 20:36; 21:5). Por-se de joelhos sugere a humildade que todos nós devemos mostrar diante do Senhor, ou até a humilhação de estar na presença dele para sermos julgados (Romanos 14:11; Filipenses 2:10). Mas, nem sempre mostra a atitude certa. Em Mateus 27:29 os escarnecedores se ajoelharam diante de Jesus. Embora ninguém tenha motivo para criticar a prática de orar ajoelhados, não devemos fazer regras dizendo que seja a única postura aceitável. É muito comum achar pessoas na Bíblia prostradas com rosto na terra adorando o Senhor. O ponto principal é a atitude do coração, e não apenas a posição do corpo. É interessante observar que, em Lucas 18:9-14, dois homens oraram. Os dois estavam em pé. Deus aceitou uma oração e rejeitou a outra. A diferença? Os corações!



Todos que fazem parte da família espiritual têm o privilégio de tomar o nome do Pai; somos filhos dele (15).



A família de Deus é fortalecida com poder, mediante o Espírito que revelou a palavra que nos traz conhecimento e entendimento (16-18). Note:



(1) O evangelho é o poder de Deus para nos salvar (Romanos 1:16).



(2) O Espírito revelou a palavra por meio dos apóstolos e profetas (3:5).



(3) A palavra precisa ser implantada firmemente no coração (Tiago 1:21).



(4) Quando recebemos e seguimos a palavra por fé, Jesus habita em nós (João 14:23).



(5) Assim somos alicerçados em amor (João 14:15,23).



O amor de Cristo excede todo entendimento (18-19). Normalmente medimos objetos em três dimensões (altura, largura e comprimento). Tudo que existe no universo físico pode ser medido assim. Mas o amor de Cristo é descrito aqui em quatro dimensões (largura, comprimento, altura e profunidade), algo que realmente excede todo entendimento. A plenitude de Deus é incompreensível para a mente humana!



3:20-21



Deus na plenitude de seu amor, excede o nosso entendimento. Não deve nos surpreender que ele



faça obras muito além da nossa imaginação (20).



**Obs.: Ele opera em nós, fazendo infinitamente mais do que pensamos. Quando insistimos em fazer as coisas do nosso próprio jeito, ao invés de confiar na palavra de Deus, acabamos até lutando com Deus e resistindo a sua infinitia sabedoria. Devemos cooperar com ele e deixá-lo completar a boa obra que começou em nós (Filipenses 1:5-6).



Deus merece toda a glória (21):



(1) Na igreja (3:10).



(2) Em Cristo Jesus (João 17:4).



(3) Para sempre!



**Obs.: A glória pertence a Deus, e não aos homens. Salmo 115:1 diz: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade." Existem muitas tendências hoje, até em igrejas, de exaltar homens. Algumas igrejas fazem homenagens aos homens, destacam os feitos de determinadas pessoas, usam títulos de honra para exaltar alguns acima de outros, convidam políticos para receber apoio e honra da igreja, etc. Se toda a glória pertence a Deus, nenhuma sobra para os homens! Devemos servir, jamais procurando reconhecimento e glória entre os homens.



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Efésios 4:1-16



4:1-6



Neste parágrafo, Paulo chega a um dos temas principais do livro. A igreja é o corpo de Cristo (1:22-23). Jesus é a paz que venceu a inimizade e a separação (2:14). A sabedoria de Deus é manifesta na igreja (3:10-11). Participamos do amor de Deus (3:17-19). Considerando todos esses fatos, devemos estar unidos.



Devemos andar de modo digno da nossa vocação (1). Fomos chamados para ser santos (1:1). Portanto, devemos nos manter santificados, separados da imundícia do mundo.



**Obs.: Unidos e separados. É importantíssimo observar o equilíbrio no Novo Testamento entre a santidade e a unidade. Grandes textos que falam sobre a unidade dos servos de Deus também destacam a separação do pecado. Um dos exemplos mais nítidos é João 17:14-23. Os discípulos não são do mundo e precisam manter a sua santificação. Mas, por outro lado, Jesus ora ao Pai pela união dos discípulos com Deus e uns com os outros. Qualquer ensinamento sobre a unidade cristã precisa começar com a santificação. Sem a santificação, não podemos ter união com Deus (Hebreus 12:14; 2 Coríntios 6:14 - 7:1), e qualquer comunhão com outros homens se torna vã.



Atitudes essenciais para a unidade entre cristãos (2-3). Considere bem as atitudes e os comportamentos que Paulo pede para ter a unidade:



(1) Toda a humildade: modéstia em pensamento e comportamento. "Toda" nos lembra que esta característica deve governar tudo que fazemos e pensamos.



(2) Mansidão: Bondade e submissão. Esta atitude não disputa com Deus, porque aceita a autoridade dele. Em relação ao homem, é tolerante e pronto para perdoar.



(3) Longanimidade: Paciência, tolerância, perseverança, não facilmente provocado.



(4) Suportando uns aos outros em amor: Amor constante, apesar das falhas dos outros. Procura ajudar ao invés de destruir.



(5) Esforço diligente: Trabalho árduo; dedicação. A unidade não vem por acaso, e não é mantida sem esforço.



A natureza espiritual da unidade (3-6). Jesus é a paz (2:14), e a paz entre seus discípulos é claramente espiritual. Elementos que nos unem:



(1) Unidade do Espírito: O Espírito Santo revelou a mensagem para Paulo e outros, a mesma palavra que eles repassaram para nós (3:2-9). A unidade que Deus quer não é carnal, mas espiritual.



(2) Vínculo da paz: É a paz que liga os seguidores de Jesus.



(3) Um corpo: Jesus é o cabeça da igreja dele (veja Mateus 16:18). Ele não governa as igrejas humanas que desrespeitam a palavra dele.



(4) Um Espírito: O mesmo Espírito é a fonte de tudo que nos une (veja 1 Coríntios 12:13-20).



(5) Uma esperança: A convicção do galardão que vem por meio do evangelho de Cristo (veja Colossenses 1:23,27; 1 Tessalonicenses 1:3).



(6) Um Senhor: Servimos exclusivamente aquele que tem toda autoridade (Mateus 28:18; Atos 2:36). Não podemos servir dois (Mateus 6:24).



(7) Uma fé: Não é minha fé ou sua fé (subjetiva), mas "a fé" (objetiva). A fé não vem de mim; ela foi entregue aos santos (Judas 3). O evangelho é a fé que nos une. Doutrinas, tradições e opiniões de homens são as coisas que nos dividem.



(8) Um batismo: o batismo nas águas para remissão dos pecados nos dá entrada em Cristo (veja 5:26; Gálatas 3:26-27; Atos 2:38; 22:16).



(9) Um Deus e Pai de todos: O monoteísmo é a posição apresentada e defendida nas Escrituras desde a criação. A Bíblia fala sobre Deus usando pronomes plurais (Gênesis 1:26) porque há três pessoas distintas mas perfeitamente unidas (veja Marcos 1:9-11; João 17:21; 2 Coríntios 13:13).



**Obs.: Unidade artificial ou carnal. Em contraste com a unidade do Espírito citado por Paulo, existem muitas maneiras de criar e manter unidade artificial ou carnal entre pessoas. A unidade que Deus quer exige, em primeiro lugar, a comunhão com Deus. Se eu estou em comunhão com ele, e você está em comunhão com ele, nada impede nossa comunhão um com o outro. Esta unidade não é forçada, nem um mero vínculo externo; é unidade do Espírito, baseada na verdade que Deus revelou. Na medida que cada pessoa se submete à vontade de Deus, as mesmas pessoas terão concordância entre si. Infelizmente, muitas pessoas querem unidade sem o esforço diligente que Deus requer. As maneiras mais comuns de criar tal unidade são: (1) Obrigar conformidade por meio de regras, doutrinas oficiais, decretos de líderes, concílios, congressos, ou conferências. Esta abordagem cria unidade superficial dentro de uma seita ou denominação, e pode ajudar em manter uma aparência de comunhão, mas não é a unidade do Espírito. (2) Ignorar diferenças, diminuindo a importância de determinadas doutrinas ou convicções que homens julgam ser de pouca importância. Esta abordagem ecumênica se reflete quando pessoas chamam outros de irmão sem saber nada sobre a vida da pessoa, nem se ela foi realmente convertida a Cristo. (3) Valorizar a unidade acima de tudo. A unidade é importante, e devemos nos esforçar diligentemente para preservá-la. Mas, jamais devemos sacrificar a verdade para manter a unidade. "A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois pacífica..." (Tiago 3:17). Não temos direito de colocar a paz acima da pureza da palavra.



4:7-16



Deus não pede a unidade sem nos oferecer os recursos necessários para tê-la. Este parágrafo mostra como Deus nos equipou para construir e manter uma igreja unida.



Jesus subiu aos céus e concedeu a graça (7-10):



(1) Antes de subir para assumir a sua posição à destra do Pai, Jesus desceu à terra, até as regiões inferiores da terra (veja João 3:13; Filipenses 2:5-8).



(2) Depois de mostrar a sua submissão, cumprindo a missão que o Pai lhe deu, Jesus foi exaltado.



Ele concedeu servos para edificar o corpo de Cristo (11-12):



(1) Apóstolos: enviados ao mundo com o evangelho.



(2) Profetas: pessoas que recebiam e comunicavam a palavra de Deus.



(3) Evangelistas: homens que divulgam as boas novas.



(4) Pastores e mestres: também conhecidos como presbíteros (anciãos) e bispos (veja Atos 20:17,28).



**Obs.: Por que esta ordem? Algumas pessoas procuram usar o versículo 11 para estabelecer uma hierarquia de autoridade, dizendo que evangelistas têm autoridade sobre pastores. Mas, no contexto da mensagem de Efésios podemos perceber outro motivo na seqüência que Paulo usou aqui. Apóstolos começaram a revelação da mensagem e impuseram as mãos e transmitiram o dom de profecia a alguns que continuaram revelando as boas novas. Evangelistas acompanharam os apóstolos ou ficaram em algumas cidades para continuar o trabalho, fortalecendo as igrejas. Algum tempo depois do estabelecimento de novas igrejas, pastores foram escolhidos nas congregações locais (Atos 14:23; Tito 1:5) para guiar a igreja.



Estes dons (pessoas) concedidos por Jesus têm o propósito de:



(1) Aperfeiçoar os santos para o serviço deles (12).



(2) Edificar o corpo de Cristo (12).



(3) Contribuir à unidade de todos (13).



(4) Conduzir outros ao conhecimento de Jesus (13).



(5) Ajudar a igreja a amadurecer-se (13-16). Cristãos fortes não serão levados por falsas doutrinas, nem pela astúcia dos homens.



**Obs.: Evitando a destruição de falsas doutrinas. Devemos nos preocupar com a possibilidade de infiltração de falsas doutrinas na igreja do Senhor. Mas a defesa contra tal ameaça não deve ser por táticas carnais de imposição de regras e doutrinas oficializadas. A nossa única defesa é o ensino da palavra pura (13-14; veja 1 Coríntios 1:10).



**Obs.: Todos os membros contribuem à edificação do corpo (15-16). Cristo é a cabeça. A verdade é o alimento. O amor é o motivo. O crescimento é o resultado.



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Efésios 4:17-32







4:17-24



A edificação do corpo de Cristo envolve todos os membros (4:16). Para ter o crescimento desejado, cada pessoa que faz parte do corpo precisa se preocupar com seu próprio progresso espiritual. Neste parágrafo, Paulo fala sobre este crescimento pessoal.



O cristão não deve andar mais na vaidade que domina os pensamentos das pessoas do mundo (17).



**Obs.: Vaidade é algo que não tem valor, que é vazio. Os pensamentos que ocupam a mente carnal não têm valor e não levam para nada.



As pessoas sem Deus vivem na ignorância, fechando os corações às coisas espirituais que vêm do Senhor (18).



Com corações endurecidos, elas se tornam insensíveis e se entregam ao pecado (19).



Paulo deixa bem claro que a vida cristã é outra: "Mas não foi assim que aprendestes a Cristo" (20).



O conhecimento da verdade em Jesus exige uma transformação, deixando o velho homem e se revestindo do novo homem segundo a verdade (21-24).



**Obs.: A fé em Cristo não é mera aceitação intelectual de alguns fatos. Quando compreendemos a mensagem do evangelho, este conhecimento exige mudanças - mudanças radicais - em nossas vidas.



4:25-32



Baseando-se nos princípios já apresentados, Paulo sugere aqui diversas aplicações na prática. O cristão deve:



(1) Deixar a mentira e falar a verdade (25). Não há nada aqui de mentirinha. O servo de Deus segue a verdade e fala a verdade.



**Obs.: A palavra "mentira" aqui vem de uma palavra (pseudos) que quer dizer falsidade. O cristão deve rejeitar todas as formas de falsidade - falsas doutrinas e práticas religiosas, falsidade nos negócios e na vida particular. Deve falar a verdade e cumprir a sua palavra.



(2) Evitar pecados de ira (26-27). A ira descontrolada leva ao pecado. Devemos procurar soluções aos problemas e arrancar a ira pelas raízes no mesmo dia, não deixando brecha para o Diabo.



(3) Ganhar a vida por meios honestos (28). A pessoa que se converte a Cristo tem de abandonar qualquer prática desonesta e trabalhar honestamente. O trabalho não é somente para o sustento próprio, mas também para poder ajudar outras pessoas.



**Obs.: Você reconhece que Deus criou o homem para trabalhar? Antes do pecado, Deus já colocou Adão no jardim "para o cultivar e o guardar" (Gênesis 2:15; 2 Tessalonicenses 3:10-12). Preguiça não faz parte do caráter cristão. Quando trabalhamos e ganhamos, temos a responsabilidade de administrar os nossos recursos. No seu orçamento pessoal ou familiar, você tem costume de separar uma parte para ajudar os necessitados? Deveria!



(4) Controlar a língua, falando palavras boas que edificam (29-30). Uma palavra torpe é comunicação corrupta, não aquela que vem do autor da Vida para nossa edificação. Não devemos usar a língua para entristecer o Espírito Santo.



**Obs.: O Espírito Santo tem sentimentos. Este fato é uma das evidências que ele é uma pessoa, e não meramente uma força ativa como alguns ensinam.



(5) Tirar da vida as obras da carne (31-32). Paulo encerra este trecho com um resumo negativo e um positivo. No sentido negativo, devemos tirar as obras da carne (veja Gálatas 5:19-21). Positivamente, precisamos desenvolver as características boas que aprendemos de Deus (veja Gálatas 5:22-23).



**Obs.: Uns aos outros. Várias vezes nesta carta Paulo fala sobre responsabilidades mútuas entre cristãos (32; 5:21; etc.). Tais responsabilidades vêm da relação que os cristãos têm no corpo de Cristo: "porque somos membros uns dos outros" (25).



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Efésios 5:1-21



O capítulo 5 continua com o mesmo tema da última parte do capítulo 4. Uma vez que entendemos nossa relação com Deus como pessoas santificadas, novos homens, filhos de Deus, faremos tudo para imitar o exemplo do nosso Pai.



5:1-2



Como filhos de Deus, devemos imitá-lo (1). Que desafio! Imitar o Deus santo que nos criou!



Especificamente, devemos imitar o amor de Cristo (2).



**Obs.: O amor resume os mandamentos de Deus (Mateus 22:37-40), mas não temos direito de definir o amor ao nosso agrado. Deus nos ensina como amar (1 João 4:7-12). Em amor, guardamos os mandamentos dele (João 14:15,23). O amor é a mais elevada das qualidades produzidas pelo Espírito na vida do cristão (veja 1 Coríntios 13:4-7,13; Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:5-7).



Andar em amor (2). Andávamos no pecado, fazendo a vontade da carne (2:2-3). Agora andamos em boas obras (2:10). O amor se torna o caminho da vida do discípulo.



5:3-7



Para andar em amor, temos de abandonar as obras da carne, que não mostram amor para com o nosso santo Deus (3-4).



Obs.: "...nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos". No passado, andávamos no pecado praticando coisas inconvenientes que não pertencem a nova vida. Não devemos sentir orgulho, nem achar engraçadas as coisas do passado. Rejeitemos o velho homem por completo.



A boca que usávamos no passado para falar coisas vãs e profanas serve agora para agradecer ao Senhor (4).



Pessoas que continuam praticando as obras da carne não terão herança no reino de Cristo (5-7). Note o significado das palavras usadas aqui:



(1) Incontinente: a palavra grega (pornos) traz o sentido de fornicador ou pessoa imoral.



(2) Impuro: literalmente, uma coisa não lavada ou não purificada. Precisamos ser lavados em o nome de Jesus (1 Coríntios 6:11).



(3) Avarento: aquele que deseja adquirir mais e mais coisas, especialmente desejando as coisas dos outros. Bens materiais se tornam seu ídolo (veja Colossenses 3:5).



Podemos ser lavados de tais pecados (1 Coríntios 6:9-11), mas sem a justificação que vem de Jesus, não teríamos nenhuma esperança no reino do Senhor.



Alguém pode tentar nos enganar, minimizando o significado destes pecados (6). O mundo está cheio de pessoas que sugerem que alguns pecados são comuns, normais, até bons. Deus não considera tais coisas pecadinhos. Trazem a ira dele sobre as pessoas que os cometem.



A única solução ao problema: "Portanto, não sejais participantes com eles" (7). Não podemos fazer acordos com o pecado ou servir Cristo a meio termo. Temos de deixar o pecado e nos dedicar a ele.



5:8-21



Passamos das trevas para a luz. Observe os contrastes apresentados aqui:



Éramos trevas (5:8) X Agora somos luz (5:8)



Andávamos no pecado (2:1-2) X Andamos como filhos da luz (5:9)



Obras infrutíferas (5:11) X Fruto da luz (5:9-10)



Obras ocultas (5:12) X Todas as coisas manifestas (5:13)



Néscios (5:15) X Sábios (5:15)



Insensatez (5:17) X Compreensão da vontade do Senhor (5:17)



Embriagados com vinho (5:19) X Cheios do Espírito (5:17)



**Obs.: Não sejam cúmplices (11). A postura do cristão em relação ao pecado precisa ser bem definida. Não podemos ocultar a nossa fé (Marcos 8:38), nem devemos ser cúmplices nos pecados de outros. Muitas pessoas apóiam os erros de membros da própria família, ou participam de igrejas que ensinam e praticam coisas erradas, e procuram lavar as mãos como Pilatos o fez (Mateus 27:24). Paulo condena a cumplicidade no pecado, dizendo que devemos reprovar as obras das trevas. Amar a Deus exige odiar o pecado!



**Obs.: Como se encher do Espírito? A resposta está aqui! Não é algo que esperamos de fora, mas algo que fazemos, obedecendo a instrução de Paulo (18). Mas como? Ele continua nos versículos seguintes falando de três maneiras de nos encher do Espírito:



(1) Falando, entoando, louvando com salmos, hinos e cânticos espirituais (19).



(2) Dando graças ao Pai em nome de Jesus (20).



(3) Sujeitando-nos uns aos outros no temor de Cristo (21).



Resumindo o ensinamento destes versículos, precisamos ocupar os nossos pensamentos com as palavras de Deus, desenvolver a nossa comunhão com ele, e demonstrar o espírito do Senhor em nosso serviço aos outros. Assim, estaremos nos enchendo do Espírito!



**Obs.: Cantando do coração (19). O louvor em muitas igrejas hoje é um espetáculo que agrada aos ouvintes. É um "louvor" que vem de baterias, guitarras e teclados e que mexe com as emoções das pessoas. É isso que Deus quer? Paulo falou aqui de adoração que vem do coração na forma de falar, entoar e louvar. Para isso, usamos a voz que Deus nos deu e o coração que entregamos a ele. Há uma grande diferença entre o louvor praticado em muitas igrejas modernas e a adoração simples do Novo Testamento. Nenhuma vez no Novo Testamento encontramos os cristãos primitivos usando qualquer tipo de instrumento no louvor. A adoração deles saiu do coração e foi transmitida pela voz, pela qual se instruiram e se aconselharam mutuamente. Assim, agiram em nome do Senhor Jesus e agradaram ao Senhor (Colossenses 3:16-17). Hoje, algumas pessoas achariam muito radical um louvor voltado ao Senhor feito na simplicidade que ele pediu! Tenhamos amor para ele e coragem para agradar a Deus, e não aos homens.



Obs.: "Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (20). Agir em nome do Senhor não quer dizer meramente falar "em nome de Jesus". Temos de agir pela autoridade dele em tudo que fazermos (veja Mateus 7:20-23; Colossenses 3:17). Quem respeita a autoridade de Cristo (Mateus 28:18-20) não ultrapassará a palavra dele (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).



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Efésios 5:22 - 6:9



Para entender bem o trecho incluído neste estudo, temos de lembrar do finalzinho do último parágrafo. A terceira coisa que fazemos para nos encher do Espírito é sujeitar-nos "uns aos outros no temor de Cristo" (21). A submissão mútua é a base do ensinamento sobre várias relações humanas que estudaremos agora. Mulheres devem se submeter aos maridos mas, em outro sentido, os maridos devem se submeter às esposas. Filhos devem ser sujeitos aos pais, mas os pais se submetem aos filhos, também. Servos devem obedecer os seus senhores, mas o patrão serve o empregado! Vamos aprender mais!



5:22-33



Marido e mulher. Antes de considerar este texto, devemos observar que o ponto principal de Paulo é sobre a submissão da igreja a Cristo, o perfeito marido. Mas, ele aproveita esta questão para ensinar, também, sobre o casamento. Também, note que ele não fala aqui de obediência condicionada na atitude do outro. A mulher deve ser submissa, independente da atitude do marido. Ele deve amá-la, mesmo se ela não for submissa. Cada um deve cumprir seu papel.



As mulheres devem ser submissas aos maridos (22-24). "Como ao Senhor" (22) mostra que há uma lealdade maior atrás deste mandamento. Quando a mulher olha para o seu marido, deve se imaginar que Jesus esteja atrás dele apoiando as suas palavras. Mas, se o marido pedir algo que claramente contradiz a palavra de Deus, ela deve obedecer Cristo e não o homem (Atos 5:29). Observe bem este ponto. Ela deve obedecer tudo que ele diz que não conflite com a palavra de Deus. Mesmo se ela não goste da decisão dele ou não a ache sábia, ela deve cumprir a palavra do marido. Mas, se ele pedir que ela peque, terá que desobedecê-lo.



Da mesma forma, a igreja deve fazer tudo que Cristo manda, mesmo quando a palavra dele for difícil. Ele é o marido perfeito, e nós não temos direito de recusar nenhuma palavra dele.



Os maridos devem amar as suas esposas (25-30). Se acharmos difícil a submissão que Paulo exige das mulheres, devemos pensar mais sobre o amor que ele requer dos maridos! O homem deve amar a sua esposa como Cristo amou a igreja! O amor aqui é a forma mais elevada de amor sacrificial. Ele procura o bem-estar do amado acima dos seus próprios interesses. Jesus se entregou, sacrificando a própria vida, para salvar a igreja. O marido deve fazer tudo para salvar a sua esposa, até dando a própria vida.



**Obs.: Você daria sua vida por sua mulher? Podemos pensar que mostraríamos grande coragem para proteger as nossas esposas. Se alguém assaltasse a sua esposa, você tomaria uma bala para salvar a vida dela? Mas são poucos os casos onde tal heroísmo seja necessário. O que devemos fazer é reconhecer um compromisso absoluto de dedicar as nossas vidas todos os dias ao bem-estar das nossas esposas. Se daria a vida num ato heróico, deve estar disposto a se gastar servindo a ela no dia-a-dia ao longo dos anos.



Jesus purificou a igreja (26). Alguns fatos importantes aqui: (1) Na aplicação ao casamento, entendemos que o homem deve se dedicar à salvação da sua mulher. O homem que ama a sua mulher jamais tentaria envolvê-la no erro. Sempre procurará ser um bom líder espiritual, conduzindo a sua família no caminho de Cristo. (2) No "casamento" de Cristo com a igreja, aprendemos que Jesus santifica e purifica a igreja "por meio da lavagem de água pela palavra". Para entender esta afirmação, precisamos lembrar que a igreja não é uma instituição; é pessoas chamadas para fora do mundo. Então, ele santifica e purifica pessoas. Como? "Por meio da lavagem de água" claramente se refere ao batismo, pelo qual entramos em Cristo (Mateus 28:18-20; Marcos 16:16; João 3:5; Atos 2:38; 22:16; Romanos 6:3-4; Gálatas 3:26-27; Tito 3:5; 1 Pedro 3:20-21). "Pela palavra" deixa bem claro que aprendemos sobre Cristo e a necessidade do batismo pela pregação do evangelho dele. O batismo citado aqui é de pessoas capazes de ouvir a palavra e tomar as suas próprias decisões.



Ele quer uma igreja pura (27). Da mesma forma que cada pessoa que entra em Cristo é purificada dos seus pecados, deve se manter pura e sem defeito. Se cada pessoa se mantiver santa, a igreja toda será pura e gloriosa.



O marido deve amar a esposa como a si mesmo (28-29). Estes versículos condenam o egoísmo que alguns homens mostram em relação às esposas. Elas devem ser valorizadas e bem cuidadas por maridos carinhosos.



Somos membros do corpo de Cristo (30). Assim, ele cuida de cada um!



Paulo repete o princípio original do casamento (31; veja Gênesis 2:24; Mateus 19:5). O homem deixa os seus pais e se une a sua mulher, os dois se tornando uma só carne. No casamento, a lealdade se transfere dos pais à esposa.



A mensagem de Paulo neste trecho se refere principalmente a Cristo e à igreja, mas tudo que falou sobre o casamento é válido (32-33).



6:1-4



Filhos devem:



(1) Obedecer aos pais (no Senhor, ou seja, enquanto as instruções dos pais não contradizem a vontade de Deus - veja Atos 5:29).



(2) Honrar aos pais.



Pais devem:



(1) Não provocar os filhos à ira.



(2) Criar os filhos na disciplina e na admoestação do Senhor.



6:5-9



Servos devem:



(1) Obedecer os seus senhores.



(2) Não servir para agradar aos homens, e sim ao Senhor.



Senhores devem:



(1) Tratar os servos com respeito.



(2) Evitar ameaças.



(3) Lembrar que todos - os senhores e os servos - são servos do mesmo Pai, e que ele não faz acepção de pessoas.



**Obs.: Embora não estejamos hoje debaixo de um sistema de escravidão, como na época de Paulo, os princípios aqui podem ser bem aplicados na conduta de empregados e patrões. O cristão deve ser o empregado modelo ou o melhor chefe em qualquer ambiente, porque respeitará a vontade de Deus na maneira de tratar outras pessoas.



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Efésios 6:10-24







Este trecho nos traz mais uma exortação de Paulo e o encerramento do livro.



6:10-18



A exortação final de Paulo neste livro se refere à preparação do cristão para enfrentar os desafios no mundo. Devemos ser fortalecidos no Senhor (10).



**Obs.: Mais uma vez, observamos que o poder não vem de nós, mas de Deus. Muitos cristãos se sentem derrotados porque olham constantemente para as coisas erradas. Vêem as tentações e as provações e estas parecem enormes. Olham no espelho e enxergam suas próprias falhas e fraquezas. O problema é o foco. Qualquer homem é pequeno e frágil, mas Deus é muito maior do que nossos desafios. Foi assim que pensou o bom rei Ezequias quando o exército da Assíria ameaçou o seu país: "Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos assusteis por causa do rei da Assíria, nem por causa da multidão que está com ele; porque um há conosco maior do que o que está com ele. Com ele está o braço de carne, mas conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras. O povo cobrou ânimo com as palavras de Ezequias, rei de Judá" (2 Crônicas 32:7-8). Deus é maior do que nossos problemas!



É com a armadura de Deus que podemos enfrentar e vencer o diabo e as outras forças do mal (11-12).



**Obs.: O diabo é um derrotado, um perdedor. Sinceramente fico triste com as igrejas que enfatizam demasiadamente os poderes do diabo e seus servos. Parece que algumas igrejas falam mais sobre as forças do mal do que sobre o Vencedor e Senhor de todos. Preocupam-se com questões de hierarquias de poder no reino das trevas; fazem espetáculos dramáticos de expulsão de demônios; falam detalhadamente sobre características e poderes de Satanás. O Novo Testamento apresenta o diabo como um derrotado contra quem devemos resistir confiantes na vitória (Hebreus 2:14-15; 1 João 3:8; Apocalipse 12). Ele tem poder (veja 1 Pedro 5:8-9), mas o poder dele nem se compara com a força superior do nosso Rei!



Para vencer o Adversário e "permanecer inabaláveis", precisamos vestir a armadura de Deus (13-17; veja 1 Tessalonicenses 5:8):



(1) O cinto da verdade (14). O cinto do soldado foi a peça central de sua armadura, segurando a roupa dele perto do corpo e dando lugar para carregar a sua espada e outras necessidades da batalha. Na vida do discípulo, esta peça central é a verdade, que vem de Deus (João 17:17). Para servir de proteção, a verdade precisa ser conhecida, recebida e aplicada. Isso exige estudo cuidadoso, aceitação de coração bom e sincero, e a coragem de aplicar a palavra em nossas vidas e efetuar as mudanças necessárias.



(2) A couraça da justiça (14). A couraça protege o coração, o peito do soldado. A proteção do servo de Deus não vem por meios carnais. A injustiça de mentiras, engano, etc. não protege ninguém do inimigo real. A justiça, a santidade, a integridade moral são a proteção do servo do Senhor.



(3) Os calçados (sandálias) de preparação do evangelho (15). As sandálias usadas pelos soldados romanos, na época de Paulo, tinham cravos para dar aos soldados uma vantagem contra inimigos despreparados (com sandálias inadequadas ou até descalços). O servo do Senhor tem de estar preparado, com as sandálias já nos pés. Se esperar a invasão do inimigo para se vestir, não conseguirá resistir. A preparação do soldado de Cristo é o evangelho da paz. É interessante que, no meio a tanta linguagem de guerra, Paulo nos lembra que a nossa missão é de reconciliação, como servos do Príncipe da Paz (veja 2:14-18).



(4) O escudo da fé (16). O escudo do soldado romano cobria boa parte do corpo dele, e servia para repelir dardos, flechas, etc. O diabo lança seus dardos inflamados, mas o cristão se defende com o escudo da fé. Quando temos convicções fundadas na palavra de Deus, podemos resistir aos assaltos do Inimigo (Romanos 10:17).



(5) O capacete da salvação (17). O capacete é de extrema importância. A nossa proteção contra golpes mortais é a salvação que Cristo nos trouxe (Atos 4:12).



(6) A espada do Espírito (18). Não devemos entender que a nossa guerra seja apenas defensiva. Entramos na batalha armados para enfrentar e vencer o Inimigo. "Porque, embora, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas, e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão" (2 Coríntios 10:3-6). A nossa espada, nossa única arma ofensiva, é a palavra de Deus.



Assim armados e confiando no Senhor, devemos desenvolver o hábito de oração constante (18). Note aqui:



(1) Oração é a comunicação com Deus.



(2) Súplicas são apelos ou petições pedindo ajuda.



(3) Orando "no Espírito" tem duas possíveis interpretações: (a) Orando como aprendemos do Espírito Santo, de acordo com a vontade do Senhor; (b) Orando no espírito (a letra maiúscula não está no original; é questão de interpretação) no sentido de oração sincera do coração.



(4) Vigiando com perseverança sugere uma atitude de dedicação incansável à oração.



(5) Devemos orar pelos santos, fazendo súplicas em favor dos irmãos em Cristo.



**Obs.: A comunicação sempre envolve dois sentidos. Uma pessoa fala e a outra ouve. Depois esta fala e aquela escuta. A comunicação com Deus funciona da mesma maneira. Quando oramos, nós falamos e Deus ouve. Quando lemos e estudamos a palavra, Deus fala e nós escutamos. Este entendimento sugere dois perigos que devemos evitar: (1) Ouvir sem falar. Não é suficiente meramente estudar a Bíblia. Precisamos desenvolver a comunhão com Deus em oração. (2) Falar sem ouvir. Algumas pessoas oram muito, até fazendo súplicas constantemente, mas não dão importância ao estudo da palavra. É importante falar com Deus, mas jamais devemos negligenciar o estudo da palavra dele.



6:19-20



Paulo especificamente pediu orações por ele, para que pudesse ter coragem de falar a palavra de Deus (19).



Embora em cadeias, ele era embaixador de Cristo (20). A prisão de Paulo apresentou várias oportunidades para ele pregar a palavra (Atos 23:11; Filipenses 1:12-18).



6:21-22



Paulo enviou Tíquico para consolar os irmãos com notícias a seu respeito. Paulo descreve Tíquico como o irmão amado (sua relação com Paulo) e fiel ministro do Senhor (sua relação com Jesus). Para maiores informações sobre o trabalho deste servo, veja Atos 20:1-6; 2 Timóteo 4:12; Tito 3:12 e Colossenses 4:7-9.



6:23-24



Paulo encerra a carta desejando paz, amor e graça aos fiéis.


















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