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domingo, 29 de novembro de 2009

O FIM DA RAZÃO 1






POR LUCIANA HORATA
No meio pentecostal é muito comum vermos as pessoas supervalorizarem o mover do Espírito na igreja. Eu não entendo bem o porquê, mas elas tendem a associar isto ao fim de qualquer racionalidade humana. É como se pensassem que quando Deus regenera nosso coração, no “contrato” esteja o aniquilamento do nosso cérebro, da nossa capacidade de raciocinar, discernir e compreender as coisas.

Existe um sofisma de que, após o novo nascimento, a razão é aniquilada e então, Deus passa a pensar no nosso lugar. Tudo o que precisamos fazer, segundo esse pensamento, é entrar numa espécie de “estado vegetativo da mente” onde não precisamos compreender nada, mas tudo é apenas “recebido” por uma suposta “revelação” por osmose.

Viver pela fé, para alguns, virou sinônimo de viver na ignorância.

É evidente que tais pessoas se munem de uma meia dúzia de versículos fora dos seus contextos, para serem “bíblicas” nas suas declarações (se é que se pode chamar assim). Elas afirmam: “Paulo desprezou o conhecimento que possuía, considerando-o como esterco por causa do evangelho” (Fp 3.8). Ou mesmo: “ele disse que a sua pregação não consistia em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em manifestações do Espírito e de poder” (1 Co 2.4)

Mas o que Paulo queria de fato dizer com estas afirmações? Que não há poder nas palavras? Que é apenas através da manifestação dos dons espirituais que o poder de Deus é demonstrado? Que o conhecimento das coisas naturais é desprezível? Que a Palavra de Deus é sem sentido, sem lógica, totalmente irracional e jamais poderá ser compreendida pela mente?

De forma alguma! A Palavra de Deus é completamente lógica, cujo significado é “coerência de raciocínio, de idéias”.

Deus não é incoerente nos seus pensamentos. As coisas de Deus não são “sem lógica”, como alguns pensam e declaram. Elas podem até ser loucura, mas não para nós, pois é “para os que se perdem que o são” (2 Co 2.13).

Acontece que nós ficamos tanto tempo com as nossas mentes “corrompidas pelo engano do pecado”, que só mesmo lavando-a bem com a Palavra de Deus é que poderemos experimentar o sobrenatural como algo natural, discernindo bem todas as coisas e assimilando os pensamentos de Deus.

Na verdade, o problema não está na Palavra ou no caráter de Deus, como se estes fossem enigmas indecifráveis”. O problema está no quanto estamos envolvidos na dimensão primária para a qual fomos criados: a espiritual. Quanto mais apegados às coisas espirituais, mais “naturais” elas nos parecerão, pela familiaridade gerada pelo contato contínuo com o Espírito Santo. É por isso que Paulo afirma:

As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. (1 Coríntios 2.13)

Paulo andava numa realidade diferente da qual estamos acostumados e nos incita a desejar isso. Ele nos convida a comparar coisas espirituais com espirituais. Perceba que, geralmente, Jesus usava parábolas, fazendo comparações entre coisas naturais e espirituais, para que por meio das coisas que se vêem, pudéssemos compreender as que não são visíveis. No entanto, ele estava lidando com pessoas que ainda não eram nascidas de novo.

Na carta aos coríntios, o apóstolo Paulo eleva o nível de compreensão do crente a outro patamar! Ele revela que é chegado o tempo de compararmos coisas espirituais com espirituais, e não mais naturais, e por quê?

Porque “o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (2 Coríntios 2.15,16b).

Aleluia! É uma verdade esclarecedora o fato de termos a mente de Cristo. Perceba que a Palavra não diz que nós apenas temos o coração de Cristo ou somente somos o seu corpo, mas também que temos a sua mente!


O que Paulo estava dizendo era simplesmente que, agora que temos a mente (o intelecto, as faculdades inteligentes) de Cristo, somos convocados a expressar os seus pensamentos, a ver a vida de uma nova perspectiva, não limitada, não natural ou carnal, mas sob uma perspectiva eterna, usando para isso, o nosso entendimento.


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